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Por que o Brasil não anexou o Paraguai na guerra?

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A Guerra do Paraguai foi travada entre 1864 e 1870 e envolveu o Paraguai contra a Tríplice Aliança composta por Brasil, Argentina e Uruguai. Apesar da vitória esmagadora, o Brasil optou por não anexar o território paraguaio. Neste post, exploraremos as principais razões dessa decisão e como ela se alinhou à estratégia diplomática e econômica do Império.

O governo brasileiro, sob orientação do ministro das Relações Exteriores Otaviano de Almeida, insistiu para que o Tratado da Tríplice Aliança garantisse a independência do Paraguai. A ideia era manter o país vizinho como um amortecedor (“buffer state”) entre o Brasil e a Argentina, evitando que esta última ampliasse sua influência no Planalto Central.

Embora o artigo XVI do Tratado de 1865 previsse ceder ao vizinho argentino uma faixa do Chaco, o Brasil atuou para frustrar essa implementação. Como resultado, grande parte do Chaco Central permaneceu sob jurisdição paraguaia até hoje, preservando a integridade territorial do país.

A devastação do Paraguai e a drástica redução da sua população tornavam qualquer anexação custosa. Em vez disso, o Brasil optou por reparações financeiras (via Tratado Loizaga–Cotegipe) e manteve tropas de ocupação até 1876, quando finalmente se retirou e devolveu ao Paraguai sua independência política.

No século XIX, os rios Paraguai e Paraná eram “vias vitais” para o escoamento de mercadorias. Um Paraguai independente — ainda que sob forte influência brasileira — assegurava acesso livre às hidrovias, sem risco de boicotes ou bloqueios que poderiam ocorrer caso o país fosse totalmente absorvido pelo Brasil.


Para saber mais

  • Leitura do Tratado da Tríplice Aliança (1865), incluindo seus protocolos secretos.
  • Obras de historiadores como Whigham & Potthast, que analisam os aspectos demográficos e econômicos do conflito.
  • Estudos sobre a diplomacia regional do século XIX, destacando debates no Conselho de Estado brasileiro e na Corte de Buenos Aires.